14/09/2021

Celulares podem interferir com marcapassos e desfibriladores implantados

Redação do Diário da Saúde
Celulares podem interferir com marcapassos e desfibriladores implantados
Equipamento de teste avaliando o campo magnético gerado por celulares e relógios inteligentes. [Imagem: Seth J. Seidman et al. - 10.1016/j.hrthm.2021.06.1203]

Radiação de celulares

Aparelhos eletrônicos usados no nosso dia a dia - incluindo telefones celulares - podem produzir campos magnéticos fortes o suficiente para interferir com aparelhos médicos implantados, ainda que o efeito possa ser definido como "de baixo risco" se os pacientes tomarem os cuidados adequados.

Esta foi a conclusão de um painel de especialistas reunidos pelo órgão de saúde norte-americano, a FDA (Food and Drug Administration).

Os pesquisadores mediram as variações na intensidade dos campos magnéticos e elétricos em distâncias variadas a partir dos modelos mais recentes de telefones celulares e relógios inteligentes.

Com base nos resultados, a entidade sugere que esses aparelhos eletrônicos sejam mantidos a pelo menos 15 cm de distância dos dispositivos implantados.

Risco dos celulares para os implantes

Marcapassos implantáveis e desfibriladores-cardioversores fornecem pulsos elétricos que fazem com que as câmaras do coração se contraiam e bombeiem o sangue a uma taxa apropriada, salvando a vida de pacientes que sofrem de distúrbios do ritmo cardíaco.

Esses aparelhos contam com um "modo de segurança", também chamado de "modo magnético", no qual seu funcionamento é suspenso quando o paciente precisa passar por algum exame ou procedimento que gera uma forte interferência eletromagnética, para evitar que o aparelho faça medições imprecisas da frequência cardíaca e acabe fornecendo pulsos elétricos inadequados em resposta.

Esse modo de segurança é ativado por um ímã com uma força de aproximadamente 9 mT, cerca de 200 vezes mais forte do que a força do campo magnético da Terra.

O problema é que o modo de segurança também pode ser disparado inadvertidamente por qualquer campo magnético estático com que o paciente entre em contato e que atinja uma força superior a cerca de 1 mT, o que significa que o paciente simplesmente não contará com o funcionamento do aparelho, voltando a correr risco de vida por sua condição cardíaca original, antes do implante.

É por isso que os aparelhos eletrônicos modernos, cada vez com maior potência, geram preocupação entre médicos e pacientes. Ímãs de terras raras, por exemplo, como os de neodímio, capazes de gerar campos muito fortes, estão presentes por todo canto, de fones de ouvido a fechaduras de portas e alto-falantes de celulares.

Celulares podem interferir com marcapassos e desfibriladores implantados
O campo magnético gerado pelo celular pode ser maior do que o usado para desligar os implantes.
[Imagem: Seth J. Seidman et al. - 10.1016/j.hrthm.2021.06.1203]

Mantenha celulares longe dos implantes

A equipe avaliou a influência desses campos magnéticos colocando um iPhone 12 e um Apple Watch 6 a distâncias variáveis de um detector de campo magnético. Eles descobriram que, em proximidades de menos de 1 cm, o detector encontrou campos significativamente mais fortes do que 9 mT - o que poderia facilmente acionar o modo de segurança inadvertidamente.

Essa força foi atenuada com o aumento da distância e caiu abaixo de 1 mT além de 2 cm.

A partir de seus resultados, os especialistas concluíram que esses aparelhos eletrônicos representam atualmente um risco baixo para pessoas com dispositivos médicos implantados, desde que os pacientes não os coloquem sobre o peito - no bolso da camisa, por exemplo.

Para o dia a dia, a recomendação final do painel de especialistas é que celulares e relógios inteligentes sejam mantidos a pelo menos 15 cm de distância de quaisquer dispositivos implantados.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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