21/07/2022

Bipolaridade social: O yin e o yang da empatia

Redação do Diário da Saúde
Bipolaridade social: O yin e o yang da empatia
A flexibilidade cognitiva e a empatia intergrupal são a chave para negociar o estresse gerado pela desigualdade estrutural e pelos conflitos interpessoais.[Imagem: KyotoU/Global Comms]

Bipolaridade social

Os seres humanos evoluíram como animais sociais: Desde a infância, aprendemos os benefícios de forjar laços e ser empáticos como estratégia de sobrevivência e bem-estar mental.

Ou, pelo menos, esse é o ideal descrito pelas teorias. Às vezes, porém, esses laços se transformam no tecido do tribalismo, sujeitando certos indivíduos a comportamentos ou atitudes discriminatórias.

Quando psicólogos da Universidade de Quioto (Japão) decidiram analisar esse assunto de forma abrangente, eles descobriram que os laços sociais podem na verdade demonstrar uma espécie de "bipolaridade".

Quando a sociedade se vê ante um desafio, as relações interpessoais são fortalecidas, mostrando um lado positivo da agregação social. Há também, no entanto, um lado negativo, com os laços sociais parecendo se manifestar na forma de angústia e ansiedade.

"Durante a fase inicial da pandemia, algumas pessoas exageraram as preocupações com o fato de seu status covid-positivo ser revelado a outras pessoas e causar estresse para elas," exemplifica o professor Shisei Tei.

O lado mais sombrio dos laços sociais também apareceu no grupismo e na pressão dos pares, onde os estereótipos hostis induzidos pelo medo e o vigilantismo se associaram a indivíduos alvo, que se sentiram ostracizados.

Tapeçaria do comportamento social

A pandemia de covid-19 forneceu dados substanciais sobre ansiedade, conflitos e flexibilidade cognitiva, corroborados por outros estudos baseados em técnicas de imagem cerebral e neuroeconomia. Mas o impacto desses comportamentos sobre o tecido social só agora começa a ser pesquisado.

Isto permitiu aos pesquisadores reunir evidências qualitativas, que apontam para a bilateralidade dos laços sociais e do comportamento empático.

"Nós vimos muito pouca pesquisa sobre como as pessoas negociaram laços sociais, preconceitos e conflitos intergrupais induzidos pelo medo durante a recente pandemia," comentou Tei.

Daí a importância de que os cientistas pesquisem mais sobre a "tapeçaria do comportamento social humano entrelaçado com percepções de identidade e pertencimento," justificam os autores do trabalho.

"As distorções dos laços sociais, possivelmente influenciadas por recentes eventos relacionados à guerra e tiroteios em massa, generalizam ainda mais nossa teoria de laços sociais e empatia dentro do grupo," observou Tei.

Segundo os pesquisadores, o conhecimento adquirido com este estudo pode ajudar terapeutas e formuladores de políticas a resolver problemas decorrentes de conflitos e rupturas entre grupos.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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