10/01/2013

Leite materno tem mais de 700 espécies de bactérias benéficas

Redação do Diário da Saúde
Leite materno tem mais de 700 espécies de bactérias
A maior quantidade de bactérias - mais de 700 espécies - foi encontrada no colostro, a primeira secreção das glândulas mamárias, logo após o parto.[Imagem: Janice Carr]

Microbioma do leite materno

O leite materno parece ser o alimento mais puro que existe.

Por isso pode parecer surpreendente a descoberta feita por cientistas espanhóis.

Traçando a microbiota bacteriana do leite humano, eles rastrearam mais de 700 espécies de bactérias.

E não é que as amostras do leite materno estivessem contaminadas: essas bactérias são essenciais para o desenvolvimento da flora bacteriana do bebê e do seu sistema imunológico.

Colostro

María Carmen Collado e Alex Mira usaram uma técnica baseada no sequenciamento maciço de DNA para identificar o conjunto de bactérias contidas no leite materno - o chamado microbioma.

Os resultados permitirão pela primeira vez determinar as variáveis pré e pós-natal que influenciam a riqueza microbiana do leite e sua influência no desenvolvimento do bebê.

A maior quantidade de bactérias - mais de 700 espécies - foi encontrada no colostro, a primeira secreção das glândulas mamárias, logo após o parto.

Os cientistas também analisaram o leite materno aos três e aos seis meses de amamentação.

Os gêneros mais comuns de bactérias encontradas nas amostras de colostro foram Weissella, Leuconostoc, Staphylococcus, Streptococcus e Lactococcus.

No leite entre o primeiro e o sexto mês de amamentação foram observadas principalmente bactérias típicas da cavidade oral, como Veillonella, Leptotrichia e Prevotella.

Efeitos negativos da obesidade e cesariana

O estudo revelou ainda que o leite de mães com sobrepeso ou aquelas que ganharam mais peso do que o recomendado durante a gravidez contém uma menor diversidade de espécies bacterianas.

O tipo de parto também afeta o microbioma do leite materno: o leite de mães que deram à luz por uma cesariana planejada é diferente e não é tão rico em microrganismos como o de mães que tiveram um parto vaginal.

De forma um tanto surpreendente, quando a cesariana não é planejada, ou seja, quando a realização do procedimento cirúrgico é decidida durante o parto, a composição do leite é muito semelhante ao de mães que têm parto normal.

Isto sugere que o estado hormonal da mãe no momento do parto também desempenha um papel no microbioma do leite: "A ausência de sinais de estresse fisiológico, bem como sinais hormonais específicos para o parto, podem influenciar a composição e a diversidade microbiana do leite materno," afirmam os autores.

Metabólico ou imunológico

Uma vez que as bactérias presentes no leite materno constituem a etapa inicial de contato com os microrganismos que colonizam o sistema digestivo do bebê, os pesquisadores agora estão trabalhando para descobrir se o papel das bactérias é metabólico (ajudando o lactente a digerir o leite, por exemplo) ou imunológico (ajudando a distinguir entre organismos benéficos e invasores).

Segundo eles, a descoberta será importante para diminuir os riscos de alergias, asma e doenças autoimunes nos bebês.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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