03/10/2024

Bactéria multirresistente que representa risco global de saúde é detectada no Brasil

Redação do Diário da Saúde
Bactéria multirresistente que representa risco global de saúde é detectada no Brasil
Antibiograma de Klebsiella pneumoniae resistente a todos os antibióticos. O microrganismo foi cultivado em placa e cada disco representa um antibiótico diferente - dos 15 testados, nenhum teve efeito.[Imagem: Rubens Renato Carmo/ICB-USP]

Resistente a todos os antibióticos

Uma cepa da bactéria Klebsiella pneumoniae, isolada de uma mulher de 86 anos com infecção urinária, mostrou-se resistente a todas as opções de antibióticos disponíveis.

A paciente foi admitida em um hospital em uma cidade da região Nordeste do Brasil em 2022 e faleceu 24 horas após a internação.

Um grupo de pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) e do Hospital de Guarnição de Natal, no Rio Grande do Norte, sequenciou o genoma da bactéria e comparou com um banco de dados de 408 outras sequências similares conhecidas em todo o mundo.

O resultado é preocupante: Trata-se de uma cepa resistente a todos os antibióticos disponíveis. Ela havia sido detectada anteriormente nos Estados Unidos, e sua circulação no Brasil mostra que há um risco real de o patógeno se espalhar pelo mundo.

"Ela é tão versátil que se adapta às mudanças de tratamento, já que adquire facilmente outros mecanismos de resistência não contemplados pelas drogas existentes ou pela combinação delas. É possível que se torne endêmica nos centros de saúde em nível mundial," disse o professor Nilton Lincopan.

A bactéria faz parte de um grupo de microrganismos classificados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como de "prioridade crítica", uma classificação que contempla bactérias com escassas opções terapêuticas disponíveis e que merecem medidas de contenção para não serem disseminadas, além de terem prioridade para a pesquisa e desenvolvimento de novos antimicrobianos.

Quando encontram cepas multirresistentes como essa, os serviços de saúde devem notificar a vigilância epidemiológica local. O paciente deve ser isolado e a equipe que o trata deve tomar cuidados redobrados para não transmitir a bactéria para outros pacientes.

Cuidados dos pacientes

Além do monitoramento permanente das cepas bacterianas encontradas nos hospitais, os pesquisadores ressaltam a importância da prescrição racional dos antibióticos. Para os pacientes, a mensagem é que, quando tiverem antibióticos prescritos para si, façam o tratamento até o fim, mesmo que se sintam bem após dois ou três dias. A prática também evita o surgimento de cepas resistentes.

"Como patógeno oportunista, em pacientes com imunidade normal a bactéria pode nem causar doença. Mas, em pessoas com imunidade baixa, pode ocasionar infecções graves. Em nível hospitalar, pacientes internados em unidades de terapia intensiva [UTIs] ou em tratamento para outras patologias podem adquirir infecção secundária, como pneumonia. Sem tratamentos disponíveis e com o sistema imune deprimido, muitas vezes podem ir a óbito," esclareceu Lincopan.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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