02/12/2010 Antirretroviral pode funcionar como vacina contra vírus da AIDSRedação do Diário da Saúde
O uso de um antirretroviral - medicamento usado pelos portadores do HIV - reduziu a chance de não-portadores de contrair o vírus em mais de 70%. [Imagem: Ag.USP]
Anti-HIV Um estudo internacional com a participação de 11 centros de pesquisas, entre eles a Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), revelou que o uso de um antirretroviral - um medicamento utilizado contra a AIDS - pode funcionar quase como uma vacina contra a doença. Os cientistas descobriram que a pílula Truvada, uma combinação de dois antirretrovirais já existentes - o tenofovir e o entricitabina - pode reduzir em até 73% o risco de se contrair o vírus HIV. Os resultados da pesquisa foram divulgados no dia 23 de novembro, após a publicação do artigo científico no periódico The New England Journal of Medicine, e representam um grande avanço na prevenção da Aids em todo o mundo. Antirretroviral e placebo Além de três centros de pesquisas brasileiros (USP, Fiocruz e UFRJ), o estudo foi conduzido por instituições do Equador (Guaiaquil), Peru (Lima e Iquitos), África do Sul (Cidade do Cabo), Estados Unidos (São Francisco e Boston) e Tailândia (Chiang Mai). Participaram do estudo 2.499 voluntários, grupo composto por homens, travestis e transexuais femininas, que tinham como parceiros sexuais pessoas do sexo masculino. Os participantes foram avaliados por um período de três anos. Os voluntários foram divididos em dois grupos: o primeiro recebeu o antirretroviral e o segundo, placebo. Eles foram orientados a tomar uma dose diária do comprimido. Além disso, ambos os grupos foram aconselhados a adotar medidas preventivas e receberam preservativos, testes mensais para detecção do vírus e tratamento para DSTs. Melhor do que vacina No grupo que recebeu o antirretroviral, foi detectada redução geral de 44% no risco de infecção. Os pesquisadores levaram em conta, nesta avaliação, todos os voluntários deste grupo, independente de terem tomado diariamente a medicação, conforme a recomendação inicial. Para participantes com mais de 50% de adesão aos comprimidos a eficácia foi de 50%. Para os que relataram mais de 90% de adesão à medicação a proteção chegou a 73%. Os testes com vacinas contra o HIV feitos até agora tiveram resultados modestos - apenas 31%, o que tem deixados os cientistas desanimados - veja Vacina anti-HIV: mito ou realidade?. Proteção adicional "O uso de medicamento em associação com medidas já bem estabelecidas de prevenção conferiu proteção adicional significativa contra infecção por HIV aos participantes", ressalta o infectologista da FMUSP, Esper Kallás, um dos autores da pesquisa. O estudo concluiu que as intervenções de aconselhamento, redução de risco e distribuição de preservativos e gel tiveram impacto na redução do número de parceiros e aumento do uso de preservativos. Durante o estudo, foram identificadas 64 infecções por HIV no grupo placebo e 36 no grupo medicamento. A equipe de pesquisadores da USP alerta, porém, que não é possível generalizar esses resultados a outros grupos de pessoas, tais como heterossexuais, adolescentes e mulheres. Para esses grupos, outros estudos de profilaxia pré-exposição estão em andamento. Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br URL: https://diariodasaude.com.br./print.php?article=antirretroviral-vacina-contra-virus-aids A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos. |