25/05/2016

Alimentos transgênicos: Ciência não tem todas as respostas, dizem especialistas

Redação do Diário da Saúde
Alimentos transgênicos: Ciência não tem todas as respostas, dizem especialistas
"Nem todos os problemas podem ser respondidos apenas pela ciência: as políticas em relação aos transgênicos têm dimensões científicas, legais e sociais," diz o documento.[Imagem: NAP/Divulgação]

Resumo do conhecimento atual

Como não existe consenso, nem na comunidade científica e nem nas legislações ao redor do mundo, a Academia Nacional de Ciências dos EUA formou um painel de especialistas para compor a melhor recomendação possível, com base no conhecimento atual, sobre as plantas geneticamente modificadas, de forma tanto a preservar o interesse econômico das culturas, quanto a saúde da população e do meio ambiente.

A conclusão do painel é que nenhuma orientação pode ser dada e nenhuma conclusão pode ser tirada quanto aos organismos geneticamente modificados em geral - na verdade, cada planta apresenta suas próprias variações de risco e precisa ser analisada individualmente.

Além disso, as novas tecnologias em engenharia genética não têm uma fronteira tão clara como se pensava com o melhoramento convencional, feito por cruzamento e enxertia - ambos precisam ser igualmente avaliados, dizem os especialistas.

Efeitos diversos

Embora, desde os anos 1980 os biólogos venham usando a engenharia genética para induzir características em plantas, as únicas características geneticamente modificadas que foram colocadas em uso comercial generalizado são aquelas que permitem que uma cultura suporte a aplicação de um herbicida ou se torne tóxica a pragas.

O fato de que apenas duas características geneticamente modificadas tenham sido amplamente utilizadas é uma das razões pelas quais a comissão de especialistas evita fazer afirmações generalizadas sobre os benefícios e os riscos das culturas transgênicas.

Alegações sobre os efeitos dos transgênicos muitas vezes assumem que os efeitos das culturas geneticamente modificadas já em uso seriam aplicáveis ao processo de engenharia genética em geral, mas diferentes características genéticas podem ter efeitos diferentes. Uma característica geneticamente modificada que altere o conteúdo nutricional de uma cultura, por exemplo, provavelmente não terá os mesmos efeitos ambientais ou econômicos que uma característica de resistência a herbicidas.

Alimentos transgênicos: Ciência não tem todas as respostas, dizem especialistas
Tem havido oposição aos transgênicos também entre alguns setores ligados à agricultura.
[Imagem: Antoninho Perri/Unicamp]

Ômicas

Embora reconheçam a dificuldade inerente de detectar efeitos sutis ou de longo prazo sobre a saúde ou o meio ambiente, a comissão de estudos não encontrou provas fundamentadas de uma diferença nos riscos para a saúde humana entre culturas geneticamente modificadas e as culturas modificadas pelas técnicas tradicionais, nem encontraram provas conclusivas de causa e efeito de problemas ambientais dos transgênicos.

No entanto, o cultivo de plantas geneticamente modificadas não se mostrou ser a solução esperada porque a evolução da resistência aos transgênicos comercialmente disponíveis já se tornou um grande problema agrícola, diz o documento.

A recomendação é que o processo de autorização e regulamentação de novas variedades de culturas deve incidir sobre as características de cada planta, e não sobre o processo pelo qual ela foi desenvolvida ou melhorada. Novas variedades de plantas que tenham novas características, intencionais ou não, que possam potencialmente representar um risco de biossegurança, devem passar por testes - independentemente se foram desenvolvidas usando melhoramento convencional ou técnicas de engenharia genética.

As novas tecnologias, conhecidas como "ômicas" - genômica, proteômica, metabolômica, transcriptômica etc. -, que estão disponibilizando ferramentas cada vez mais precisas na detecção até mesmo de pequenas mudanças nas características das plantas, serão fundamentais para a detecção de alterações não-intencionais em novas variedades de culturas.

Ciência não responde todas as perguntas

O documento conclui que as entidades reguladoras nacionais devem ser pró-ativas na comunicação de informações ao público sobre como novas tecnologias de engenharia genética e seus produtos devem ser regulamentadas e como esses novos métodos de regulação devem ser usados.

É importante também, diz o relatório, que as agências reguladoras deem voz ao público quanto às suas preocupações e relatos sobre a questão, uma vez que "nem todos os problemas podem ser respondidos apenas pela ciência: as políticas em relação aos transgênicos têm dimensões científicas, legais e sociais," diz o documento.

A comissão examinou quase 900 artigos científicos sobre o desenvolvimento, uso e efeitos das características geneticamente modificadas no milho, soja e algodão, que respondem por quase todos os cultivos transgênicos comerciais atualmente.

O documento, em inglês, intitulado Genetically Engineered Crops: Experiences and Prospects (2016), pode ser baixado gratuitamente em formato PDF (veja barra azul com a indicação Download Free PDF) ou comprado em versão impressa.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

URL:  https://diariodasaude.com.br./print.php?article=alimentos-transgenicos-ciencia-nao-tem-todas-respostas

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