15/07/2011

Água ozonizada repara tecidos ósseos com mais eficácia

Sandra O. Monteiro - Agência USP
Água ozonizada repara tecidos ósseos com mais eficácia
A água ozonizada faz com que novos vasos sanguíneos se formem durante a reparação e permite que haja maior transporte de substâncias reparadoras para a região lesionada. [Imagem: Ag.USP]

Água ozonizada

A qualidade de reparação do tecido ósseo em feridas irrigadas por água ozonizada mostrou-se melhor no processo de cura, embora não aumente a rapidez.

Este tipo de água faz com que novos vasos sanguíneos se formem durante a reparação e permite que haja maior transporte de substâncias reparadoras para a região lesionada.

Os testes foram realizados na Faculdade de Odontologia (FO) da USP pelo dentista Alexandre Viana Monteiro Frascino.

Em sua pesquisa, Alexandre utilizou dois grupos de ratos Wistar. Num deles, os 24 animais eram normoglicêmicos, com quantidade normal de açúcar no sangue. No outro, os 24 ratos tiveram o diabetes induzido.

Todos os 48 animais apresentavam pequenas feridas (perfurações) no fêmur. Em um dos grupos, as feridas foram irrigadas apenas com a água Milli-Q®, normalmente utilizada em laboratórios. Nos outros 24 animais, a irrigação foi de 100 mililitros (mL) de 4 partes por milhão (ppm) de ozônio diluído em água Milli-Q®. "Isso significa dizer que, para cada 1 grama (g) de água Milli-Q® havia quatro microgramas de ozônio", calcula Frascino. Os resultados quanto à reparação óssea foram analisados em 7, 14 e 21 dias.

Aspectos Histomorfológicos e Histomorfométricos

Nesta investigação foram avaliados os aspectos histomorfológicos, em que dois observadores sem saber de que animais vinham as células ósseas das lâminas preparadas procediam à análise dos tecidos.

Além disso, também foram estudados aspectos histomorfométricos, em que se quantificaram novas minúsculas cavidades permeadas pela medula óssea hematopoiética (trabéculas ósseas neoformadas) e novos vasos sanguíneos que surgiram nos tecidos observados.

"A importância destas aparições é que o aumento da quantidade de medula óssea gera a formação de mais elementos figurados do sangue como hemácias [glóbulos vermelhos], leucócitos [glóbulos brancos] e plaquetas, que auxiliam na regeneração do tecido, neste caso, específico do tecido ósseo." afirma Frascino.

A visualização destes novos componentes foi possibilitada por meio do uso de corantes evidenciadores de substâncias celulares como a eosina e a hematoxilina, que dão coloração rosa às estruturas que se pretendia evidenciar, aliado a um programa de computador que enumerou a quantidade de pontos rosas claros (pixels) das imagens que representavam as novas formações.

Após 14 dias é possível visualizar mais vasos sanguíneos no tecido ósseo irrigado com água ozonizada (à direita) do que apenas com água Milli-Q® (à esquerda)

Crescimento de vasos sanguíneos

Os resultados histomorfológicos revelaram que, em todos os períodos avaliados, os animais diabéticos e não diabéticos que receberam a irrigação de ozônio apresentaram maior proliferação de vasos sanguíneos do que aqueles apenas irrigados por água Milli-Q®. E que a irrigação de ozônio não produziu efeitos tóxicos ou prejudiciais, embora não facilite a formação de novas trabéculas ósseas em animais diabéticos.

O pesquisador explica que "o aumento da concentração de açúcar no sangue provocado pela diabetes leva também ao aumento da concentração de oxigênio, ou seja, ao estresse oxidativo, causando o mau funcionamento de células e enzimas e a substituição da medula óssea por tecidos gordurosos, além do envelhecimento do osso. O mais interessante destas novas formações, no caso de ratos induzidos a diabetes e irrigados com água ozonizada, é que, embora a doença possibilitasse a menor formação de trabéculas, isto não ocorreu."

A dissertação de mestrado Efeitos do ozônio diluído em água no reparo de feridas monocorticais em fêmures de ratos induzidos ou não ao diabetes : estudo histomorfológico e histomorfométrico foi defendida em 2011 e orientada pela professora Maria Cristina Zindel Deboni na Faculdade de Odontologia (FO) da USP, em São Paulo.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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