Sexto sentido médico
Algumas pessoas conseguem "ver" quando outras estão nos estágios iniciais de uma infecção apenas olhando para elas - e este "sexto sentido médico" ocorre em diferentes culturas.
Artin Arshamian e seus colegas do Instituto Karolinska (Suécia) queriam saber se era possível dizer se alguém está doente apenas olhando para o rosto da pessoa.
Eles então convocaram voluntários de seis origens culturais diferentes, indo desde moradores urbanos de Estocolmo até caçadores-coletores nas florestas tropicais da Tailândia e Malásia e nos desertos costeiros do México.
Cada voluntário via sempre as mesmas fotos de pares de homens suecos, tiradas 2 horas depois de ambos terem recebido uma injeção - um deles recebeu um injeção com a bactéria Escherichia coli, e o outro recebeu uma injeção com um placebo inerte.
Ou seja, os homens que haviam recebido a injeção com E. coli estavam nos estágios iniciais de uma infecção - e da respectiva resposta imunológica - quando as fotos foram tiradas.
Capacidade de ver quem está doente
Os resultados mostraram que alguns voluntários em todos os seis diferentes grupos culturais tinham uma capacidade estatisticamente significativa de identificar as pessoas que estavam doentes apenas olhando suas fotos.
A equipe não tem ideia do que leva algumas pessoas a serem capazes de identificar diferentes indivíduos doentes, mesmo sendo pessoas de etnias que nunca haviam visto, mas eles afirmam que o resultado faz sentido em um contexto evolutivo.
"A capacidade de saber quem está doente em um estágio inicial pode nos beneficiar, ajudando-nos a decidir se devemos evitar certas pessoas," teoriza o Dr. Joshua Tybur, da Universidade de Amsterdã (Holanda), que participou da pesquisa. "Isso também pode ser útil para as pessoas de quem você cuida, para saber quando elas precisam de mais ajuda."
"O mais perigoso é você entrar em contato com agentes patogênicos com os quais seu sistema imunológico tem pouca experiência," acrescentou Arshamian. "Esse é um dos problemas quando novas populações se aproximam e se misturam - elas podem trazer patógenos para grupos que têm muito pouca exposição a eles e isso é realmente ruim. Basicamente, foi isso que aconteceu com os nativos americanos."
Capacidade universal
A equipe havia pensado que os voluntários de Estocolmo seriam os melhores no reconhecimento dos doentes porque as fotos eram de pessoas de sua própria comunidade - mas não foi o caso.
"Eu acredito que isso significa que provavelmente essa é uma habilidade tão estável e tão geral que a experiência cultural provavelmente não a afeta tanto," ponderou Arshamian.
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