PICSI versus ICSI
Tratar a infertilidade masculina usando uma nova técnica de fertilização in vitro chamada PICSI, que já é oferecida em algumas clínicas privadas, não aumenta a probabilidade de ter um bebê, de acordo com os resultados de um ensaio clínico controlado e randomizado.
Durante o tratamento de reprodução assistida PICSI (sigla em inglês de Injeção Fisiológica Intracitoplásmica de Esperma), os espermatozoides são selecionados para fertilizar os óvulos com base em sua capacidade de se ligar ao ácido hialurônico, uma substância normalmente encontrada em torno da superfície dos óvulos.
Em um ensaio envolvendo mais de 2.700 casais em todo o Reino Unido, os pesquisadores analisaram a diferença que o ácido hialurônico fez para a taxa de sucesso do tratamento para a infertilidade masculina após a injeção no óvulo de espermatozoides selecionados pelo método PICSI.
O estudo não encontrou nenhuma diferença significativa em nascidos vivos a termo usando a nova técnica do PICSI, com uma taxa de sucesso de cerca de uma em cada quatro casais, tanto para o PICSI como para o tratamento padrão de fertilização in vitro, chamada ICSI, sigla em inglês para Injeção Intracitoplásmica de Esperma.
O estudo foi o maior ensaio randomizado controlado já realizado para avaliar se o PICSI levaria a mais nascidos vivos do que as técnicas atuais, fornecendo evidências vitais para ajudar a orientar tanto as clínicas quanto os casais que estão tomando decisões sobre o tratamento da infertilidade masculina.
Menos abortos
Embora o tratamento PICSI não tenha aumentado o índice de sucesso da reprodução assistida, os pesquisadores constataram que ele reduziu significativamente o número de abortos, que diminuíram 39% no total (4,3% dos casais com aborto sofrido pelo PICSI em comparação com 7,0% com ICSI).
O início de uma gravidez, seguida de um aborto, se já é trágica em situações normais, pode ser devastadora para um casal tratando-se de problemas de infertilidade.
"O tratamento ICSI é atualmente usado por milhões de casais em todo o mundo e está se tornando o tratamento dominante para a infertilidade em muitos lugares, portanto, quaisquer melhorias que possam ser feitas na técnica têm o potencial de criar um impacto positivo generalizado.
"Nossos resultados, no entanto, sugerem que mais trabalho é necessário para refinar e melhorar o PICSI antes que possa ser mais amplamente recomendado para tratar a infertilidade.
"Este ensaio abriu o caminho para mais pesquisas se concentrarem no aborto e analisar exatamente como e por que os espermatozoides selecionados com ácido hialurônico podem reduzir a incidência deste resultado devastador," disse o Dr. David Miller, da Universidade de Leeds.
Os resultados do ensaio clínico foram publicados no The Lancet.
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