Médicos de todo o mundo, reunidos no Congresso Mundial sobre a Menopausa, realizado no México, emitiram um comunicado solicitando que qualquer decisão para realizar exames preventivos de mamografia seja baseada em uma escolha informada e levando em consideração todos os fatores, em vez de ser apenas um processo automático.
O benefício potencial da mamografia é a detecção precoce do câncer de mama, mas evidências cada vez maiores mostram que a mamografia também revela alguns tipos de tumores que não causariam qualquer problema, e muitos médicos acreditam que este sobrediagnóstico pode causar danos reais por meio de tratamentos desnecessários.
O debate na imprensa científica está levando confusão à cabeça das mulheres, ponderaram os médicos, e essas mulheres esperam por uma resposta definitiva sobre se elas devem ou não submeter-se regularmente à mamografia.
Contra e a favor das mamografias
Durante o evento, dois médicos de renome mundial, com opiniões opostas nesta questão, concordaram que as mulheres precisam estar mais envolvidas na tomada de decisões sobre se a mamografia é boa ou não para elas.
O Dr. Eugenio Paci apresentou resultados do grupo de trabalho Euroscreen, mostrando que o sobrediagnóstico fica na metade inferior das estimativas, indicando que a mamografia salva vidas. Este trabalho indica que o rastreamento de 1.000 mulheres salva até 7 vidas, enquanto apresenta 4 sobrediagnósticos.
O Dr. Robin Bell, por sua vez, apresentou uma análise mostrando que até 40% do que se considera casos de câncer de mama invasivos identificados em mulheres chamadas para fazer mamografia podem ser sobrediagnósticos, e afirmou que o número total de mortes em pacientes rastreadas não cai quando comparado com as pacientes que não fazem o exame preventivo, indicando que o rastreio traz poucos benefícios.
Contudo, independentemente de suas opiniões, os dois médicos pedem mudanças na forma como a mamografia é tratada.
"Tem havido muito interesse na imprensa nos prós e contras da mamografia, e as mulheres precisam ser capazes de entender o que está ocorrendo. Nossa análise mostra que a mamografia salva vidas, mas sabemos que existe uma certa quantidade de sobrediagnóstico: isto é efetivamente um dano médico potencial. As mulheres precisam ser capazes de discutir o uso da mamografia e de qualquer tratamento, para que possam tomar decisões que sejam boas para elas, e gostaríamos de recomendar aos profissionais de saúde e médicos que permitam que as mulheres tenham mais envolvimento com estas escolhas importantes: elas precisam estar mais envolvidas no processo de tomada de decisão, de modo que, se elas forem em frente com a mamografia regular, então elas se sintam confortáveis sobre a própria decisão," disse o Dr. Eugeni Paci.
"Eu penso que é tempo para uma revisão na chamada de rotina das mulheres para a mamografia. Quando as mulheres recebem um chamado para a mamografia elas supõem que os benefícios para elas superam os riscos. Se não houvesse uma chamada de rotina para triagem, então o ônus de fazer o rastreio estaria com a mulher, e ela poderia discutir em detalhes os prós e contras do rastreio com seu prestador de cuidados de saúde. Isso encorajaria a apresentação de informações equilibradas sobre os benefícios e os malefícios do rastreio, e garantiria que as mulheres dariam um consentimento verdadeiramente informado para o procedimento," disse o Dr. Robin Bell.
Em uma declaração conjunta, os dois médicos se uniram para recomendar que "As mulheres e os médicos precisam caminhar para uma forma nova e mais abrangente de comunicar os riscos e os benefícios da mamografia".
Este é um artigo de divulgação científica de uma pesquisa acadêmica. Leia o original aqui.
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