Prevenção do Alzheimer
A Conferência da Associação Internacional de Alzheimer, que está sendo realizada em Copenhague (Dinamarca), trouxe algumas novidades surpreendentes no estudo das demências em geral e do Alzheimer em particular.
No lado mais trivial, diversos estudos continuam confirmando que a prática de atividades mentais e físicas moderadas na meia-idade estão associadas com um menor risco de desenvolver Alzheimer mais tarde.
Uma das novidades é que problemas de sono, especialmente quando combinados com transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), podem aumentar o risco de demência.
Hipertensão protege contra Alzheimer
Mas a grande surpresa foi apresentada pela equipe da Dra. Maria Corrada, da Universidade da Califórnia em Irvine (EUA), que estudou a relação entre a demência e a pressão arterial em 625 participantes, monitorados a cada seis meses por até dez anos.
Quando começaram a ser monitorados, os participantes não tinham demência e tinham 93 anos em média - 69% eram do sexo feminino.
Os pesquisadores descobriram que os participantes que desenvolveram a hipertensão entre os 80 e 89 anos tinham um risco significativamente menor de desenvolver demência em comparação com os participantes sem histórico de hipertensão. Os participantes nos quais a hipertensão surgiu por volta dos 90 anos ou mais de idade tinham um risco de demência ainda menor.
Os pesquisadores também verificaram que, no geral, pessoas com níveis de pressão arterial que as colocam na categoria de hipertensos - independentemente da idade em que o problema surgiu - tinham um risco significativamente menor de desenvolver demência em comparação com as pessoas com pressão arterial na faixa normal ao longo de toda a vida.
A associação se manteve independentemente de os participantes tomarem ou não medicamentos para a hipertensão.
"Em nosso estudo, a pressão arterial elevada não é um fator de risco para a demência em idosos longevos, mas exatamente o oposto," resumiu Corrada. "O desenvolvimento da hipertensão em idades mais avançadas pode ser benéfico para manter a cognição intacta através de mecanismos relacionados com a perfusão cerebral ou outras patologias vasculares. É importante entender esses mecanismos, porque as recomendações para a pressão arterial saudável em idosos longevos podem vir a diferir daquelas para pessoas mais jovens."
Desconhecimentos
Especialistas de todo o mundo disseram-se surpreendidos que, nessa população de pessoas com mais de 80 anos de idade, uma pressão arterial elevada tenha ajudado a proteger contra o declínio cognitivo.
Afinal, isto vai de encontro a tudo o que se apregoa sobre fatores de risco, já que a saúde do coração, incluindo a hipertensão, geralmente é considerada como fator de risco para a doença de Alzheimer e outras demências.
Segundo os médicos organizadores da conferência, estes resultados ressaltam o quão pouco se sabe sobre o Alzheimer e outras demências, que exigirão acompanhamentos de longo prazo em populações diferentes antes que possamos desenvolver "receitas" úteis para a mudança de estilo de vida.
Tem havido uma certa crise no meio científico e médico sobre o Alzheimer, uma vez que a teoria predominante sobre a doença - as placas de beta-amiloide - não tem resultado em tratamentos eficazes. Na verdade hoje se suspeita que as placas de beta-amiloides podem ser a defesa do cérebro, e não a causa da doença.
Mais recentemente, pesquisadores sugeriram que o Mal de Alzheimer pode ser o estágio final do diabetes tipo 2, enquanto outros culpam o acúmulo de ferro ou cobre no cérebro.
Os cientistas reconhecem que mesmo os mecanismos por trás dos efeitos protetores contra a demência gerados pelas atividades físicas e cognitivas ainda são desconhecidos.
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