Influências virais
Os cientistas já documentaram a existência de uma conexão entre o mês de nascimento de uma pessoa e 55 doenças diferentes e também que o mês do nascimento afeta o temperamento das pessoas.
Agora acaba de ser demonstrado que o ano em que um indivíduo nasceu desempenha um papel importante na determinação da sua suscetibilidade a ficar gripado.
Os resultados não têm a ver com a astrologia e nem são totalmente inesperados, vindo esclarecer uma questão de longa data em torno da susceptibilidade à gripe, qual seja, por que as infecções com uma cepa específica, a H5N1, afetam principalmente crianças e adultos jovens, enquanto os casos de H7N9 afetam principalmente indivíduos mais velhos.
Vírus da gripe e ano de nascimento
Experimentos recentes haviam revelado que respostas imunológicas amplamente protetoras podem proporcionar uma imunidade cruzada entre diferentes subtipos da gripe.
Os vírus da gripe são categorizados em dois grupos: o grupo 1 é constituído pelos subtipos H1, H2 e H5 (gripe aviária), enquanto o grupo 2 contém os subtipos H3 (sazonal) e H7 (aviário).
A professora Katelyn Gostic, chefiando uma equipe das universidades do Arizona e da Califórnia (EUA), levantou a hipótese de que os indivíduos expostos à infecção por um vírus de um destes grupos apresentariam um menor risco posterior de adquirir uma infecção grave de outras cepas dentro do mesmo grupo.
De fato, os dados mostraram que o ano em que a pessoa nasceu - e, portanto, a quais cepas de vírus da gripe ela foi exposta durante a infância - influencia fortemente a sua susceptibilidade futura a várias cepas de gripe.
Por exemplo, indivíduos nascidos antes de 1968 provavelmente experimentaram sua primeira infecção de gripe de um vírus do grupo 1; o resultado é que esses indivíduos parecem particularmente protegidos contra outros vírus do mesmo grupo, incluindo o H5N1. Inversamente, a infecção inicial com os vírus do grupo 2, o caso mais frequente entre os nascidos depois de 1968, parece proteger contra o vírus do grupo 2, o H7N9.
Efeitos profundos
Os efeitos protetores da exposição a qualquer das cepas são profundos, reduzindo o risco de infecção grave por H5N1 ou H7N9 em cerca de 75%, e o risco de morte em cerca de 80%.
Os autores do estudo especulam que esta imunidade cruzada pode ocorrer devido a anticorpos que alvejam a base da proteína hemaglutinina, encontrada ao longo da superfície dos vírus, observando que a haste desta proteína permanece praticamente inalterada entre os subtipos, enquanto a "cabeça" dessa proteína tem mutado substancialmente entre as diferentes cepas.
Os resultados foram publicados na revista Science.
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